A Revolta Camponesa de Porecatu
No início dos anos 40, a notícia de terras devolutas (terras devolvidas, que o Poder Público não destinou a ninguém) no Norte do Paraná, divulgada pelo governo, atraíram centenas de interessados em povoar e fazer produzir os sertões do Brasil, vindas de Minas Gerais, São Paulo e do Nordeste e de outras áreas do próprio Paraná. Essas famílias se assentaram na região e logo iniciaram benfeitorias, derrubaram a mata, plantaram, criaram animais. Construíram casas de pau-a-pique e abriram estradas.
No entanto, a política de distribuição de terras empreendidas pelo Governo, causou insatisfação entre os posseiros. As famílias não conseguiram regularizar a posse daquelas terras. Embora pagassem impostos, não receberam o título definitivo de propriedade. Em 1946, Moisés Lupion assumiu o Governo do Paraná e iniciou novo processo de loteamento, dividindo a região em glebas extensas, que foram vendidas para grandes fazendeiros. As terras vendidas, porém, eram aquelas ocupadas pelos posseiros, que Lupion considerou devolutas.
A partir deste momento, aconteceu a insatisfação de ambos os lados – posseiros e latifundiários – agravando o conflito. A Revolta Camponesa de Porecatu, inicialmente marcada pela moderação, se agravou, iniciando o conflito. Os posseiros entraram com diversos recursos judiciais, solicitando a ação do governo. Logo, a situação foi tomada pela violência. Os grandes fazendeiros, apoiados por seus exércitos de jagunços e pela força oficial, invadiram diversas propriedades. Por outro lado, os posseiros expulsos ou pelos que se recusavam a sair de suas terras, também pegaram em armas.
Neste momento, entra em cena um elemento fundamental para a Revolta de Porecatu: o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Os militantes comunistas estabelecem uma extensa rede de colaboração, que passava pelo Rio de Janeiro, Curitiba e Londrina, fornecendo aos posseiros armamento e treinamento militar. A violência de ambos os lados deu o tom dos conflitos. Na maior parte do tempo, os posseiros tiveram a vantagem no combate: Expulsaram fazendeiros, aterrorizaram jagunços, incendiaram casas, impediram o trabalho nas roças, executaram inimigos.
Mas logo veio a reação e, da cumplicidade entre fazendeiros, jagunços e polícia, os latifundiários tiveram a vitória sobre os posseiros. Os conflitos agrários perduraram durante muito tempo na região. Ocorreram outras lutas envolvendo a reforma agrária: Canudos, Caldeirão, Pau de Colher, Contestado, Trombas, Formoso e, em nossa região, a Revolta de Porecatu.