Após um ano, Assistência Social ainda patina em Bela Vista
Baseado em reportagem do Telégrafo Online (www.telegrafoonline.com.br)
O Departamento Municipal de Assistência Social de Bela Vista do Paraíso ainda amarga dificuldades, um após a posse da nova administração. Importante setor da Prefeitura, principalmente em tempos de pandemia, onde a população mais necessitada busca apoio, a Assistência Social teve inúmeras trocas de comando e está praticamente inoperante.
A diretora pediu demissão em dezembro e a segunda responsável tirou férias até maio. O prédio está vazio e o desmonte pode ser facilmente notado. A diretora anterior, assistente social concursada, era Angélica Furlan, removida para a Saúde. A técnica do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), Bruna Tavares, psicóloga concursada que respondia pelo setor, foi transferida para a Educação. A técnica da gestão, de cargo comissionado, também saiu na troca de administração. Duas contratadas, uma psicóloga e uma assistente social, que ficaram da administração anterior eram vistas com desconfiança e havia conflitos sobre como gerir a pasta. Acabaram sendo transferidas para o CRAS (Centre de Referência da Assistência Social), em Santa Margarida. Tudo isso impediu a continuidade da gestão. Ao renovar quase toda a equipe, não sobrou quem pudesse ensinar aos novos contratados como o trabalho era feito ou ajudar na transição.
As mudanças geraram um rombo que a atual administração não conseguiu arrumar. A primeira diretora da Assistência Social foi Andréia Fávaro Turate, que deixou as funções, após nove meses. Ela não quis comentar o motivo de sua exoneração. Para o lugar dela foi nomeada a atual coordenadora da Atenção Básica do Departamento de Saúde, Renê Tramontina. Começou a trabalhar pela manhã e ficou somente até o horário do almoço. Não voltou mais.
Quem acabou assumindo foi a Assistente Social Mayla Aparecida Valentin Gonçalves, de Londrina, que era técnica na gestão de Andréia Turate. Também decidiu sair, após três meses. Deixou o cargo mesmo sem ter outro emprego em vista. Ela também não quis detalhar os motivos da sua saída. Houveram várias trocas nas outras unidades. No CRAS, a coordenação é cumprida de maneira irregular desde o início de 2020. A coordenação deve ser exercida por uma pessoa concursada, com formação superior, conforme a Lei Municipal Nº 1.177/2017. No entanto, todos os nomeados eram profissionais contratados, sem concurso. Por um breve período, uma assistente social contratada pela administração anterior, cumpriu a função de coordenadora. Após conflitos por causa das ingerências políticas e a forma assistencialista de conduzir os trabalhos, acabou pedindo demissão.
Porém, quem estava realmente nomeada para a coordenação do CRAS (Decreto 113/2021) era outra pessoa, que atualmente está trabalhando na recepção, cobrindo férias de outra funcionária, e não exerce, ou exerceu, a coordenação. A Prefeitura está procurando regularizar a situação. Para isso, mudou a lei, no final do ano passado, abrindo a possibilidade de a coordenação ser exercida por servidora não concursada.
A desestruturação da Assistência Social não poderia ter vindo em pior hora. Devido a pandemia do Covid-19, a demanda por atendimento aumentou muito. Diversas famílias procuraram o CRAS, por precisarem de ajuda. Um dos serviços é a distribuição de cestas básicas. Segundo a matéria do Telegrafo, “Informações dão conta que houve uma pressão política de comissionados para que distribuíssem cestas a pessoas indicadas, sem passar pela triagem dos técnicos”, apurou o blog.
Porém a assistência social não se resume apenas a dar uma cesta básica e acenar tchau para a família. O fato é que a quantidade de pessoas procurando alimentos aumentou muito. Com poucos servidores, alguns serviços ficam em segundo plano. É o caso do PAIF (Programa de Atenção Integral à Família). É preciso, portanto, reforçar a equipe. Já a administração acredita que basta o pessoal atual para dar conta do recado.
Outro programa parado é o Nossa Gente, do Governo do Paraná. O município aderiu ao programa e o termo de adesão está no gabinete para assinatura do Secretário. Outro programa parado é o Criança Feliz, do Governo Federal. Visitadores faziam visitas às famílias participantes do Cadastro Único, fortalecendo os vínculos familiares e comunitários, estimulando o desenvolvimento infantil. Segundo o Ministério da Cidadania, Bela Vista aderiu ao programa em 2017. Pela parceria, foram atendidas 286 crianças e 25 gestantes. O Criança Feliz foi encerrado no final do ano passado. Sem ele, o município pode ficar sem receber uma quantidade considerável de recursos federais. Segundo Mayla, a proposta de encerrá-lo foi aprovada pelo Conselho Municipal de Assistência Social.
Ao que parece, a atual administração não compreende o que realmente é Assistência Social. Com a contratação de uma nova diretora nos próximos dias, a administração espera solucionar o problema e buscar estabilidade para a pasta.