A Fábula do Ouro, do Amor e da Amizade na Floresta
Em uma floresta distante, moravam três amigos: a Raposa, o Pavão e o Cervo. Certo dia, encontraram uma pedra brilhante no meio do rio. A Raposa, astuta, logo exclamou: — Isso é ouro! Somos ricos! Nada mais nos faltará! O Pavão, vaidoso, começou a imaginar os elogios que receberia por ter encontrado tal tesouro. Já o Cervo, sempre sereno, apenas observava. Levaram a pedra até a coruja anciã, guardiã da verdade na floresta. A coruja olhou com calma, soprou sobre a pedra e disse: — Isso não é ouro. É apenas latão pintado. O verdadeiro ouro não enferruja, nem se esfarela com o tempo. Os três ficaram em silêncio. Sentiram-se enganados pela aparência. Algum tempo depois, a Raposa se apaixonou por uma bela lebre. Jurou amá-la eternamente. Mas quando a lebre adoeceu, a Raposa desapareceu. A lebre curou-se sozinha e nunca mais confiou em palavras doces. — Amor que vai embora na dor, não era amor — disse o Sapo velho, ouvindo tudo da margem. Por fim, veio o inverno. Frio, cruel, sem comida. O Pavão, com medo de estragar suas penas, voou para outra floresta. A Raposa, faminta, também partiu. Somente o Cervo ficou ao lado do Tatu, que estava fraco e doente. Compartilhou o que tinha, aqueceu com o próprio corpo, e esperou a primavera. Quando a estação das flores chegou, o Tatu, já curado, perguntou: — Por que não me abandonaste como os outros? E o Cervo respondeu: — Porque amizade verdadeira não se desfaz na tempestade. Moral da fábula: Nem tudo que brilha é ouro, nem todo afeto é amor, nem toda companhia é amizade. O que é verdadeiro permanece — mesmo no frio, na dor e no silêncio.
