As lições que a Cigarrinha do milho deixa para os agricultores após a safra
Do Sul ao Centro-Oeste, o que mais se ouvia falar eram os estragos proporcionados pela cigarrinha do milho na safra de milho deste ano. A preocupação com a forte presença de insetos sugadores nas lavouras causou grandes perdas.
O Jornal da Cidade foi entrevistar especialistas sobre o assunto. Os técnicos do IDR (antiga Emater), Mauro Jair Alves e Juvaldir Olímpio confirmaram que a colheita do milho está praticamente terminada. A média da região ficou entre 200 e 250 sacas por alqueire, aproximadamente. Sertanópolis possui uma área plantada de 29 mil hectares e a cigarrinha reduziu em cerca de 50 sacas a média por alqueire. Nas safras anteriores, a produtividade ficou entre 250 a 300 sacas por alqueire.
Segundo os técnicos, “existem materiais que são mais suscetíveis ao ataque da praga. Outros, possuem maior tolerância. Apenas um agricultor solicitou o Proagro, devido a perca com a cigarrinha, uma nova praga, que somente agora se manifestou de forma mais agressiva”, explicaram.
A aplicação de inseticidas deve ser feita de forma antecipada, na mesma época do percevejo. As áreas que foram tratadas no tempo certo, ou seja, no início da infestação, tiveram melhores resultados. “O maior problema é o milho tiguera, aquele que nasce no meio da safra de soja. Dessa forma, o vazio sanitário acaba não existindo para o milho. É o milho invasor, que acaba não interrompendo o ciclo da praga”, completaram.
A cigarrinha é um inseto sugador da seiva e somente os insetos infectados possuem o molicutes (agente causador do enfezamento pardo ou vermelho). Essa praga ataca a planta, que morre antes do completar o ciclo. Até agora, não existe um inseticida específico para controlar a cigarrinha. Alguns agricultores fizeram de 8 a 10 aplicações e não tiveram o efeito desejado. Outros, com apenas uma ou duas aplicações obtiveram um bom resultado. O importante é concentrar a época do plantio nas comunidades ou águas. Um material pode ser tolerante num ano e, em outro, já não obter o mesmo resultado. A cigarrinha vem aumentando de 5 a 10 anos. Ela não possui um inimigo natural. Com apenas 2 mm de tamanho, seu estrago pode ser grande, caso não seja controlada.
A cigarrinha do milho (dalbulus maidis), é um inseto vetor de doenças, como o vírus Rayado Fino e dois microorganismos: Spiroplasma Kunkelli (enfezamento pálido) e o Fitoplasma (enfezamento vermelho). A alta densidade populacional de cigarrinhas do milho causa um sério problema nas lavouras. A perda gira em torno de 25% na produtividade, o que é uma perda muito significativa. O manejo ainda é a melhor saída. Entre os fatores do aumento da praga, está a seca prolongada e o plantio do milho ter sido feito em diferentes momentos, na mesma região, resultando em plantas em diferentes estágios, em áreas próximas.
O engenheiro agrônomo Moacir Romanini, da empresa Ponto Rural, classifica a safra de milho deste ano como “boa”. Existem alguns fatores preponderantes para uma boa colheita: A época do plantio, a variedade escolhida e o manejo efetuado. Segundo ele, “a praga da cigarrinha tem um ciclo rápido, em três estágios: Adulto, ninfa e ovo. Como não existe produto ovicida, fica difícil quebrar o ciclo. Você aplica hoje, mas o ovo está eclodindo amanhã. Ela (a cigarrinha) possui um ciclo de 24 dias. Parece muito, mas não é. Ainda tem um problema. Ela é muito leve (cerca de 2 mm) e se espalha com facilidade. Acreditamos que, na nossa região, dependendo da lavoura, da variedade e do manejo, pode haver áreas com até 50% de perca de produtividade. É lógico que isso não é uma maioria. Alguns mais, outros menos. Porém, é bom ficar esperto para a safra do ano que vem. Se não houver o plantio na época correta, o controle adequado, uma boa escolha de variedade, o estrago pode ser ainda maior”, completou.