Temporais com ventos fortes afetam rede de energia com cada vez mais intensidade
A incidência de temporais com fortes ventos que atingem o Paraná e a Região Sul do Brasil, como um todo, aumentou nos últimos anos, causando danos extensos na rede de energia da Copel e, consequentemente, afetando os clientes da companhia. Somente nesta semana, um evento climático associado ao ciclone extratropical que atingiu do Rio Grande do Sul, com ventos de mais de 70 km/h, provocou em algum momento o desligamento de cerca de 650 mil consumidores no Paraná, o equivalente a 13% dos clientes da Copel.
Os ventos fortes, que podem vir acompanhados de chuva ou apenas os chamados “temporais secos”, provocam a queda de árvores, galhos ou outras estruturas sobre a rede elétrica, destruindo postes e arrebentando cabos. Em muitos destes casos, a recomposição do sistema elétrico é demorada, pois é necessária a reconstrução da rede de energia.
De acordo com o Simepar, a incidência de ciclones extratropicais no Sul do País algumas vezes no ano é comum. No entanto, a intensidade destes eventos aumentou nos últimos anos. “O que chega ao Paraná é um sistema frontal, reflexo dos ciclones ocorridos mais ao Sul. Os principais impactos que este sistema causa são pancadas de chuva mais fortes e, principalmente, as rajadas de vento. Este último evento, no Paraná, se converteu em chuva de curto prazo com fortes rajadas de ventos”, explicou o coordenador de operação do Simepar, Marco Antônio Rodrigues Jusevicius.
Previsão
Outubro e novembro são, normalmente, meses com alta incidência de temporais com ventos fortes no Paraná. No entanto, em 2023 o Paraná já sofreu com eventos climáticos severos em abril e agora em setembro. Em abril deste ano, um evento climático associado a outro ciclone que chegou pelo Sul do Brasil afetou mais de 700 mil domicílios no Paraná, causando estragos cuja magnitude já havia sido registrada em outubro de 2022 e em julho de 2020 – quando um ciclone-bomba com ventos de mais de 100 km/h causou interrupção no fornecimento de energia a 1,8 milhão de consumidores no Estado, o pior evento climático da história da Copel.
A manifestação do fenômeno El Niño na América do Sul, que está sendo registrada desde agosto, pode suscitar ainda mais fenômenos climáticos de grandes proporções. Para a próxima primavera e para o verão, segundo o Simpear, o El Niño poderá ser sinônimo de chuvas e temperaturas acima da média, com expectativa de temporais mais fortes.
Como funciona o trabalho da Copel durante eventos climáticos
A atuação da Copel funciona de forma coordenada. De acordo com as previsões informadas pelo Instituto de Meteorologia, os planos de enfrentamento são acionados antes mesmo da chegada do temporal, com o reforço nas escalas e acionamento de sobreavisos.
Após o início do evento climático, o Centro de Operações da companhia em Curitiba detecta os desligamentos e monitora o funcionamento da automação de redes, que em muitos casos consegue recompor o fornecimento total ou parcialmente sem intervenção humana. Nos minutos seguintes, começa a despachar as ocorrências para que as equipes de campo possam realizar a inspeção das redes que permaneceram desligadas. O primeiro atendimento é feito por equipes de eletricistas de serviços. Em caso de danos mais graves, que exigem substituição de postes e outros equipamentos, as equipes de manutenção e obras são acionadas.
Em paralelo, os operadores do sistema atuam em parceria com as equipes de campo, para realizar o que se chama de manobra na rede de energia: altera-se a fonte de alimentação de energia de uma determinada região, para deixar o maior número possível de clientes ligados. Durante um temporal de grandes proporções, o número de serviços emergenciais pode aumentar centenas de vezes em comparação com dias normais. Por isso, alguns estragos mais graves na infraestrutura elétrica podem levar mais tempo para serem consertados.