O abacaxi está em nossas mãos
Dia desses, folheava uma antiga edição (afinal, esse jornal passou dos 25 anos de publicação ininterrupta), relendo algumas matérias, feitas há muito tempo. Entre um rabisco aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações interessantes.
Vi nossa atuação junto à imprensa como uma continuação de nossas atividades educacionais, onde apresentávamos nossas ideias, marcando posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhado em inúmeros entreveros (o que mais temos é entreveros).
Afirmávamos que é necessário ter o coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: O ato de levar a luz do saber para os corações tomados pelas trevas e sombras do desconhecimento ou que estejam subjugados pela ignorância presunçosa.
E todos aquele que hoje se dedica de corpo e alma ao ensinamento, sabe muito bem que tudo a nossa volta conspira contra essa hercúlea tarefa, tendo em vista que muitos jovens, adultos e até idosos encontram-se ébrios desse licor que é o conhecimento virtual que, a cada dia que passa, é mais e mais consumida de forma indiscriminada por todos, independentemente da faixa etária.
A grande missão da educação é levar os indivíduos deixarem de ficar gravitando em torno daquilo que lhes parece agradável, para encarar a realidade. Algo nos diz que estamos, a cada dia que passa, reduzindo severamente as perspectivas da educação em nosso país, infelizmente.
De mais a mais, para que algo possa ser feito, antes de qualquer coisa, temos que reconhecer o quanto fomos privilegiados em nossa formação, pouco importa a idade que tenhamos, porque esse mal, em alguma medida, habita em nós.
É isso: O remédio é amargo e não será fornecido pela iniciativa privada, nem pelo Estado, porque não há solução em massa para essa encrenca. Enfim: O abacaxi é doce, mas não está em nossas mãos.