Primeiro de Maio

A espera de um milagre

Ronaldo Aparecido da Silva, 38 anos. Emprestou tudo que tinha para um amigo, que não pagou a dívida. Ao cobrar o devedor, acabou levando uma facada, que cortou sua mão e atrofiou dois dedos. Sente dor para trabalhar.

            Ronaldo está morando na entrada de Primeiro de Maio, nas duas estruturas que servem de portal da cidade, conhecidas como “torres gêmeas”. Morava com o pai no Ribeirão Vermelho e, quando chegou no local, estava cheio de mato. Limpou tudo, construiu uma espécie de segundo andar e usa energia elétrica do local. Até agora, a Assistência Social de Primeiro de Maio nunca apareceu para conversar. Apenas a vereadora Marilza leva ração para seus cachorros e milho para as galinhas. Ele tem ainda, uma pequena leitoa, que vive em meio ao “quintal”, cercado de madeira de paletes.

            No entanto, Ronaldo é brasileiro é não perde a esperança. Acredita no futuro e prevê que o amanhã será melhor. “Essa prefeita tá no último mandato. Não vai fazer nada não. Mas tô me virando. Vamos tocando o barco”, sorri.

            Na pequena morada, ele tem geladeira, TV e fogão. Conseguiu uma caixa d’água, mas não deixaram ele instalar (pessoal do DER). “Disseram podia dar dengue. Mas e esse monte de piscina aqui na frente? ”, indagou.

            Ofereceram uma casa no estado de São Paulo para ele, mas não quis. “Minha família é daqui. O que eu vou fazer lá”, questionou.

No “quintal” de casa, Ronaldo cria porco e galinhas.