O pior dos piores
Aprender a ler é uma dádiva que, infelizmente, não damos o devido valor. Os fatos confirmam o quão grande é esse desleixo. Uma pesquisa mostra que o número de leitores em nosso país vem decrescendo, ano após ano, a passos largos. E, para surpresa de zero pessoas, a quantidade de horas que são gastos com entretenimento digital, vem crescendo de forma avassaladora. Esse crescimento não é constatado apenas entre os jovens, então, não venham com aquela pose afetada de moralista cansado. O desprezo do brasileiro pelo conhecimento é uma praga que a muito tempo infecta a alma nacional e que, na atualidade, ao que tudo indica, degringolou de vez. No fundo, para a maioria das pessoas, a leitura foi apenas uma enfadonha obrigação escolar que era cumprida para a conquista de uma nota e que, logo após a obtenção do diploma, era abandonada de vez. É bom lembrar que não estamos nos referindo a leitura mecânica e nervosa de mensagens no whatsapp, nem a postagens nas redes sociais ou notícias sensacionalistas. Nada disso. A leitura é uma arte cujo os rudimentos nós, em algum momento da vida, aprendemos; rudimentos esses que precisam ser expandidos, lapidados, para podermos galgar uma maior amplitude para a nossa capacidade de compreensão. Não podemos também misturar a simples leitura, com a capacidade de interpretação. Quando aprendemos a arte da costura, não devemos apenas saber pregar botões. Quando aprendemos as técnicas básicas de uma arte marcial, não é suficiente sabermos apenas como os movimentos devem serem feitos. É necessário que a pratiquemos com constância para que eles sejam integrados em nós. Com a leitura não é diferente. Se essa arte não é devidamente praticada por nós, dificilmente ela se integrará de forma harmônica em nossa personalidade. Se não procuramos nos aventurar na leitura de obras que exijam uma maior atenção, nossa capacidade de discernimento corre o sério risco de caducar, tornando nosso entendimento inócuo e nossos juízos, insossos. Quando isso ocorre, tornamo-nos o pior dos analfabetos; aquele que sabe ler, mas não lê.