Jaguapitã desperdiça dinheiro público
O município de Jaguapitã vem atravessando uma de suas piores crises na história da administração pública. Decisões sem planejamento e a falta de critério na escolha dos investimentos, aliados a uma atabalhoada e inconsequente gestão administrativa irão deixar a cidade comprometida por muitos anos.
Os próximos prefeitos terão um árduo trabalho para trazer a cidade para os eixos. Exemplos não faltam: O trevo, prometido às vésperas das eleições para deputado, estão com as obras paradas e dificilmente terão início este ano, já que daqui alguns meses haverá troca de comando no Governo Estadual.
Uma semana antes das eleições foram colocados centenas de tubos de águas pluviais próximo ao trevo que liga a Rodovia Nestor Ananias da Cruz à PR 170, a Rodovia João Lunardelli. Porém as obras não passaram da deposição dos tubos no local, num claro jogo eleitoreiro. Ao contrário, em Prado Ferreira, cidade vizinha, o trevo de acesso à cidade foi finalizado e as obras encontram-se em fase final de conclusão, o que caracteriza bem o correto planejamento em contrapartida com as decisões com finalidades escusas. Outro complicador é a falta de certidões. O município de Jaguapitã está, desde 2016, com o índice de gastos com pessoal acima do limite prudencial estabelecido por lei. A cidade já foi alvo de alertas do Tribunal de Contas e a tentativa de se ajustar ao índice não tem surtido efeitos práticos.
Segundo o ex-candidato a Prefeito e líder da oposição, Gerson Marcato, “durante a campanha eleitoral alertamos a população da dificuldade em realizar a obra. É uma obra importante para o município e que irá trazer segurança para os moradores e usuários da rodovia. Porém, existe uma grande diferença em descarregar os tubos e iniciar a obra. Mesmo não tendo relação com a administração, vamos procurar interceder junto ao futuro Governador, Ratinho Júnior, que é do nosso partido, para que dê andamento à obra”, afirmou.
Outra obra parada em Jaguapitã é o Estádio Municipal Maguila. Há seis anos atrás, o Prefeito Ciro Brasil, logo após assumir a prefeitura fez um rodeio dentro do estádio. Isso acabou com o gramado e destruiu as instalações. No mandato seguinte, em pleno período eleitoral, teria iniciado as obras de reconstrução e reforma do estádio, que acabaram paralisadas, provavelmente pela falta da documentação que o município não tem. Atualmente o estádio está completamente abandonado, teve boa parte de suas instalações destruídas e uma cobertura vem sendo utilizada como mocó para o uso de drogas e a prática de sexo, no centro da cidade. Um lugar que deveria ser voltado ao esporte e que agora virou um ponto de drogas, um motel e local de encontro de bandidos e desocupados.
Nossa reportagem esteve no local e, no momento em que produzíamos as fotos para a matéria, nos deparamos com jovens utilizando drogas, em plena luz do dia. Imaginamos o que não acontece à noite, uma vez que o local fica às escuras. Talvez a administração esteja esperando acontecer um crime, um estupro para então tomar providências. O fechamento do local já deveria ter sido feito há tempos. O tradicional torneio esportivo de 1º de maio que a muitos anos acontecia no local, agora não existe mais.
O Terminal Rodoviário, que entrou em reformas também nas vésperas da eleição anda a passos de tartaruga. Poucos funcionários trabalham e a previsão de entrega já foi adiada. Sem o movimento, o local virou moradia de pombos urbanos, que trazem mal cheiro com seus excrementos e piolhos, demonstrando o abandono do local. Sem as certidões, ficará difícil a conclusão da obra. Um outro local foi alugado para improvisar a rodoviária.
Agora os ônibus param na rua, mais uma vez demonstrando a falta de planejamento da atual administração.
Porém, nada se compara ao esqueleto da creche do Residencial Chácara Paraíso. Localizada na última rua de um bairro afastado, a obra foi iniciada também na véspera das eleições de 2016 e, logo depois, abandonada. No local também existe um mocó, que antes era utilizado para guardar material de construção. No mocó há duas camas, mostrando que vem sendo utilizado por pessoas que não se sabe a intenção.
Segundo Gerson, “nós avisamos, na eleição de 2016, que o local não era próprio para construção. Que o terreno deveria ter sido permutado por outro, com uma localização melhor, mais central. Agora está esse esqueleto aí, sem terminar. Se concluir essa obra será preciso colocar uma linha de ônibus para transportar os alunos e funcionários. É muito longe, na última rua do bairro. É um desperdício do dinheiro público. Mais uma obra eleitoreira, sem planejamento. Pobre Jaguapitã. Não merecia isso”, avaliou.
Atualmente, cerca de 200 crianças aguardam na fila uma vaga numa creche municipal para que os pais possam trabalhar. Mais um absurdo e promessa de campanha não realizada. Esperamos que o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Câmara de Vereadores tome uma posição decisiva sobre o descaso e a paralisação de várias obras em Jaguapitã.